20 de agosto de 2011

Agrotóxicos podem fazer mal à saúde?

Os agrotóxicos são também chamados de defensivos agrícolas porque defendem as plantações ou lavouras da ação de insetos e de outros organismos vivos (as chamadas “pragas”). Os defensivos agrícolas nada mais são do que venenos que têm efeitos biocidas (substância que possui ação letal sobre organismos vivos). Apenar de possuírem um alvo específico, não poupam as estruturas biológicas de outros seres com os quais entra em contato. Estas substâncias possuem origem química, permanecem na natureza, degradam o solo, contaminam a água e, sobretudo, se acumulam nos alimentos. Desse modo, é natural perguntarmos: Se os defensivos agrícolas fazem mal à saúde de diferentes formas de vida, eles podem fazer mal à saúde dos seres humanos? A resposta é SIM!

Charge pulicada na edição de julho de 2010 da revista Radis


O espectro de ação dos agrotóxicos sobre a Saúde Humana é amplo e pode gerar efeitos agudos e crônicos. Os efeitos agudos ocorrem minutos ou horas depois que a pessoa entra em contato com quantidades grandes de agrotóxicos de uma só vez. Portanto, os trabalhadores rurais são aqueles que mais sofrem com estes efeitos, representado por náuseas, vômitos, convulsão, desmaios, dificuldades para respirar e outros agravamentos que podem inclusive levar o indivíduo à morte. Por outro lado, os efeitos crônicos são aqueles que surgem após uma exposição contínua e prolongada aos agrotóxicos. Os trabalhadores rurais podem ser afetados por estes efeitos, mas eles também atingem aqueles que estão longe das lavouras, como os consumidores de alimentos que contêm os pesticidas. Conforme mencionei na postagem anterior, alimentos como pimentão, tomate, alface, batata e outros estão chegando contaminados de agrotóxicos nas nossas mesas. E muitos deles com agrotóxicos que sequer têm seu uso autorizado no país!

Selo da Campanha Permanente
Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Dentre os danos à saúde que podem surgir após anos de exposição e consumo de pesticidas estão as lesões no fígado (hepatite), a catarata, as dermatites, a infertilidade (incapacidade reprodutiva), as gastrites, os danos renais e o câncer. Em um informativo da Revista de Saúde Pública foi publicado um dos resultados surpreendente da pesquisa de Lia Giraldo. A baixa qualidade do ar em função da poluição na cidade de São Paulo e os problemas de saúde decorrentes deste fenômeno já são conhecidos nacionalmente. Porém, Lia Geraldo constatou que “proporcionalmente, o número de mortes em decorrência de asma na cidade do Recife é maior que no município de São Paulo. Apesar do clima na capital paulista ser mais favorável ao surgimento dessa doença, o grande uso de inseticidas domésticos na capital pernambucana faz com que Recife apresente uma taxa alta de mortalidade por asma”.

No dia 07 de junho deste ano, mais de 30 entidades da sociedade civil brasileira, movimentos sociais, entidades ambientalistas, estudantes, organizações ligadas à área da saúde e grupos de pesquisadores lançaram a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. No portal há relatos de problemas de saúde gerados pelo contato, mesmo que indireto, com os agrotóxicos utilizados nas lavouras. A Campanha pretende debater com a população sobre a falta de fiscalização no uso, consumo e venda de agrotóxicos, a contaminação dos solos e das águas e denunciar os impactos dos venenos na saúde dos trabalhadores, das comunidades rurais e dos consumidores nas cidades.

Para quem quiser saber um pouco mais sobre o uso de agrotóxicos no Brasil, a Radis, revista editada pela Fiocruz para profissionais de saúde e a população, publicou um volume dedicado ao tema e traz uma reportagem com dados interessantes sobre o assunto, como o fato do Brasil ser o maior consumidor de agrotóxicos no mundo.
É importante divulgar também que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disponibiliza o Disque-Intoxicação, telefone para tirar dúvidas e fazer denúncias relacionadas a intoxicações (que vão além das relacionadas aos agrotóxicos, incluindo também mordidas de animais peçonhentos e venenosos, abuso de medicamentos e envenenamento doméstico, algo do qual as crianças são as maiores vítimas). O número é 0800-722-6001, a ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat), presente em 19 estados.

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